GUIA ORIENTATIVO Uso das TIC, Mídias e Linguagens nos processos educativos

Olá, leitor!

Este guia tem como principal objetivo auxiliá-lo a compreender e utilizar as diversas tecnologias, mídias e linguagens nos processos educativos que permeiam o ensino, a extensão e a pesquisa na instituição, em uma perspectiva cultural. Em outras palavras, transpor essa filosofia de uso dos artefatos e linguagens tecnológicas que você usa cotidianamente para o contexto das suas atividades educacionais no IFSP.

A partir de uma linguagem didática, estão contemplados, neste guia, alguns referenciais, modelos, premissas e estratégias que podem auxiliar na elaboração de projetos educacionais, materiais e recursos educacionais digitais coerentes com as concepções de educação a distância, ou melhor, com a convergência entre atividades presenciais e on-line de aprendizagem.

Uma ótima leitura!

Equipe do Centro de Referência em Educação a Distância

EaD no IFSP: Articular o presencial com o on-line

EaD no IFSP: Articular o presencial com o on-line

1. EAD NO IFSP: ARTICULAR O PRESENCIAL COM O ON-LINE

Atualmente, muito se fala sobre práticas pedagógicas inovadoras, novas metodologias didáticas, tecnologias de informação e comunicação na educação e tantos outros termos relacionados aos novos paradigmas educacionais. Por sua crescente expansão, a educação a distância (EaD) surge nesse contexto despertando curiosidade, atenção e questionamentos. Entre os diversos elementos que caracterizam a EaD, podemos citar a distância geográfica (e, muitas vezes, também temporal) entre professores e alunos e a organização educacional diferente da tradicional (presencial), com a utilização de recursos didáticos com base no uso de novas mídias, tecnologias e meios de comunicação como instrumentos de mediação, privilegiando a interação e o diálogo. Partindo desses pressupostos, enquanto na educação presencial a comunicação e a interação entre professor e aluno se restringem, geralmente, ao espaço da sala de aula, um curso na modalidade EaD “oferece múltiplas alternativas de interatividade e de oportunidades de interação visando a aprendizagem” (SOARES; REICH, 2009, p.3).

Quando falamos em EaD, questões problemáticas como a impessoalidade e a massificação da educação podem emergir como se fossem características negativas dessa modalidade de ensino. No entanto, mesmo em cursos presenciais, há a existência de concepções passivas de ensino, onde o professor assume o papel de simples transmissor de informações, de forma que os objetivos pedagógicos de aprendizagem podem não ser alcançados. Mas como podemos contornar isso? Por meio de um planejamento pedagógico detalhado visando à qualidade do curso, considerando as especificidades, limitações e potencialidades dessa modalidade de ensino.

Antes de abordarmos os aspectos pedagógicos da elaboração de cursos a distância, no entanto, vamos falar um pouco das percepções de EaD no IFSP, começando por sua trajetória na instituição.

1.1. TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO IFSP

EaD no IFSP: Articular o presencial com o on-line

1.1. TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO IFSP


A trajetória da educação a distância (EaD) no IFSP precisa ser resgatada para explicitar o quanto essa modalidade vem sendo discutida e desenvolvida criticamente pela comunidade nos últimos anos, promovendo um amadurecimento institucional sobre a mesma. As primeiras ações experimentais no sentido de implementar a EaD no IFSP se deram com a participação da instituição no Edital 01/2007/Seed/Setec/MEC, apresentando projetos de cursos para o Programa Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil), que foram elaborados pela equipe da então Unidade de Sertãozinho do CEFET-SP. Conforme Queiroz (2018, p.70-71):

Com a transição da antiga estrutura de CEFET para Instituto Federal pela Lei nº 11.892/2008, a Diretoria de Educação a Distância, em 2009, passou a ser uma gerência integrante da Pró-Reitoria de Extensão, assumindo o planejamento e gerenciamento do Programa e-Tec Brasil no IFSP para implementação dos primeiros cursos técnicos a distância aprovados pela comissão de análise e seleção do e-Tec Brasil/MEC. [...]O Câmpus São João da Boa Vista assumiu a gestão do curso técnico em Informática para Internet e o Câmpus Caraguatatuba ficou responsável pela gestão do curso técnico em Administração. As primeiras turmas foram ofertadas pelo Edital do IFSP nº 82, de 13 de julho de 2009, em cinco municípios[...]

Nas discussões sobre o PDI, consolidado em 2009, a comunidade optou por conceber a EaD como uma modalidade que deveria ser desenvolvida somente no âmbito das atividades de extensão. Entretanto, como a implementação dos cursos técnicos via e-Tec Brasil já estava sendo executada, esse programa possibilitou, ainda que em caráter experimental, o desenvolvimento das bases de conhecimento e das principais estruturas de tecnologia e de polo, bem como a formação de equipes especializadas em EaD no IFSP para manter esses cursos que eram, basicamente, mantidos com o fomento do FNDE.

A partir da Rede e-Tec, o IFSP ampliou, progressivamente, o número de cursos e de municípios atendidos no Estado de São Paulo, abrangendo regiões ainda não contempladas, chegando a ter 27 polos, no ano de 2015, em municípios e em câmpus do próprio IFSP. Com o início do programa Profuncionário, em 2012, outros dois cursos foram ofertados: o técnico em Multimeios Didáticos e o técnico em Secretaria Escolar, gestados pelo Câmpus São João da Boa Vista e Câmpus Boituva, respectivamente. Nesse mesmo ano, com o apoio da Diretoria de EaD, que ainda fazia parte da Pró-Reitoria de Extensão, o Câmpus São Paulo preparou a implementação do primeiro curso superior institucional do IFSP na modalidade a distância: o curso superior em Formação Pedagógica de Docentes para a Educação Profissional de Nível Médio. Em 2013, o IFSP passou a ofertar também, pela Rede e-Tec, o curso técnico em Serviços Públicos, tendo o Câmpus São Roque como ofertante. No mesmo ano, com a aprovação do novo Regimento Geral do IFSP pelo Conselho Superior, por meio da Resolução nº 871, de 4 de junho de 2013, a Diretoria de Educação a Distância (DED) passou a integrar a Pró-Reitoria de Ensino, consolidando a EaD como modalidade de ensino, entre as diversas oferecidas pela instituição.

Paralelamente, a Diretoria de Educação a Distância desenvolveu, ao longo desse período, projetos de formação voltados a servidores docentes e técnico-administrativos da instituição, realizando capacitações para o uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle e sobre educação inclusiva como por exemplo, o Projeto IFSP para Tod@s, realizado pela Diretoria de Educação a Distância e a Diretoria de Projetos Especiais da Pró-Reitoria de Ensino (PRE), em 2016; oficinas presenciais sobre tecnologias na aprendizagem; webinars; produção de vídeos e outros recursos educacionais. Em 2016, iniciou-se a oferta do e-Tec Idiomas sem Fronteiras, curso de extensão híbrido, com atividades presenciais e on-line, voltado ao ensino de idiomas para a comunidade interna e externa do IFSP.

A DED também apoiou e incentivou a criação e desenvolvimento de MOOCs (cursos abertos on-line e massivos) para a comunidade interna e externa, assim como oficinas de formação continuada via ação FormAção Colabore, desde 2017, quando a Formação Continuada de Professores veio somar-se às ações desta diretoria. Os MOOCs também foram utilizados em ações de formação interna, voltadas a servidores técnico-administrativos da instituição, como o curso sobre a Lei nº 8.112/90.

Em 2017, o Câmpus Sertãozinho do IFSP passou a ser uma das instituições ofertantes do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), curso de mestrado profissional, oferecido em Rede por 18 Institutos Federais, na modalidade semipresencial: as disciplinas obrigatórias que compõem o currículo do mestrado são ofertadas na modalidade presencial, com carga horária de até 30% a distância.

Também é importante ressaltar a relevância da criação de comissões/núcleos de EaD nos câmpus em 2018, fortalecendo a discussão sobre a implementação dessa modalidade de ensino junto à comunidade acadêmica. Nesta perspectiva, a DED promoveu, em um processo contínuo, reuniões orientativas e formações nos câmpus, esclarecendo dúvidas e mostrando as diversas possibilidades de oferta de EaD, seja por meio de cursos de curta duração via MOOCs; cursos de formação inicial e continuada, pela extensão; oferta de 20% da carga horária a distância em cursos presenciais; cursos a distância institucionais; ou por meio de programas como UAB, Profuncionário e outros.

Nesse mesmo ano, foi realizada a primeira oferta do curso de Pedagogia, por meio do Programa de Formação Docente em Rede da UAB/Capes, em parceria com outros IFs, sob a gestão do Câmpus Boituva, como resultado desse percurso de desenvolvimento gradativo e crítico sobre as concepções de EaD, enriquecidas pelas experiências e práticas desenvolvidas no IFSP nos últimos anos.
Também em 2018 o IFSP deu mais um grande passo para a consolidação da EaD, com a criação do Centro de Referência em Educação a Distância (CEAD), por meio da Portaria nº 4.032, de 14 de dezembro de 2018.

No momento em que este guia é apresentado à comunidade, o CEAD tem como visão de futuro a continuação das ações da DED em relação à formação dos servidores, o apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de novas metodologias, tecnologias e recursos educacionais para a educação a distância e o ensino híbrido, assim como a expansão da oferta de cursos a distância em todos os níveis, prestando apoio aos câmpus.

1.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOB O OLHAR INSTITUCIONAL

EaD no IFSP: Articular o presencial com o on-line

1.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOB O OLHAR INSTITUCIONAL

A educação a distância é uma modalidade de ensino na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação.

No IFSP, essa modalidade não se diferencia do ensino presencial em seus elementos fundamentais e, sim, no seu modelo didático-pedagógico. Há no cenário atual uma ampla discussão sobre o conceito de EaD, inclusive no sentido de criticar a escolha lexical para definir a modalidade nos documentos legais, que dão ênfase à oposição entre presença e distância. Pesquisadores como Leffa e Freire (2013), que estudam os fenômenos da linguagem em uso, destacam que essa modalidade deveria ter sua nomenclatura revista, pois os processos de aprendizagem mediados pelas tecnologias digitais, hoje, podem compor um continuum de relações humanas que articulam e convergem situações de tempo e espaço diferentes, mas que, em essência, promovem o encontro e a
relação de aprendizagem entre pessoas por meio da tecnologia digital.

Considerando as especificidades da EaD, cuja principal característica constitui-se no fato de o professor não estar presente no mesmo espaço geográfico que seus alunos, mas que se faz presente por meio das relações estabelecidas pela mediação tecnológica e discursiva, a atual compreensão de EaD no IFSP tem se construído na perspectiva da convergência gradativa
entre atividades presenciais e on-line nos diferentes níveis de ensino.

A compreensão pedagógica de EaD que emerge na instituição prevê a adoção de diferentes modelos e desenhos didáticos colaborativos, abertos, complexos, contextualizados, que propiciem as relações humanas entre os sujeitos da ação educativa. Assim, a mediação pedagógica é baseada nas relações humanas permeadas pelas linguagens, mídias e tecnologias, permitindo a emergência de uma cultura digital própria da comunidade do IFSP e que respeita as diferentes concepções teóricas de aprendizagem compromissadas com uma visão ética de formação humana.

Nessa perspectiva, os professores e educandos assumem juntos um papel fundamental de mediação na construção do conhecimento, colaborando conjuntamente nas estratégias de aprendizagem para que possam desenvolver suas percepções, reflexões e convicções acerca dos processos culturais, sociais e de trabalho, constituindo-se como cidadãos e profissionais com responsabilidade ética, técnica e política. 

Design Educacional no contexto do IFSP

Construção do texto e linguagem na Educação a Distância

Produção de Design Visual: Orientações e princípios básicos

Produção Audiovisual: Estratégias, modelos e propostas

Ambientes Virtuais de Aprendizagem: Políticas, Mídias e Recursos

Avaliação de cursos superiores na EaD

Ensino Híbrido e Avaliação da Aprendizagem

Legislação de EaD

Referências